MEU LUGAR UM SANTUÁRIO


Meu Lugar Um Santuário
Arte de passagem por outras moradas.

"O silêncio traz respostas"
O mundo é terra de todos, espaço e local para ser e estar, ser incluido, acolher e ser acolhido.
Registros fotográficos da artista em seu percurso de trabalho em passagem por outras moradas. Algumas fotos datam desde 1998, quando a artista passa a se fotografar inserida em situações e cenários naturais, integrada na natureza em silenciosa comunhão com a vida e suas formas.

Regina Carmona, Corpo e Anima Mundi
- extraído do texto de Gaia Bindi
 
Regina Carmona é uma artista brasileira, que tem no sangue origens italiana e espanhola. Também por isso o mundo é a sua casa e se sente em casa no mundo, onde quer que se encontre. Traz consigo um amplo sentido de comunidade e pertencimento, uma sensibilidade pelos lugares que é feita de empatia e respeito. "O mundo é terra de todos – diz Regina -  espaço e lugar para ser e estar, ser incluso, acolher e ser acolhido”. O mundo é para todos uma grande ocasião de encontro e partilha, não apenas como humanos entre os humanos, mas como elementos naturais, partículas infinitamente pequenas de uma perfeita sabedoria universal.
Nasce assim, o testemunho de encontros existenciais, um tema que marca muitos trabalhos desde o final dos anos noventa até hoje, entre eles a atual série Meu lugar um Santuário (2015) que retrata a fisionomia pessoal dentro de contextos naturais e sociais cruzados no caminho de uma vida. Um trabalho que desde 1998 guarda registros da evolução física através da interação silenciosa com outras formas de vida. No curso dos anos, os instantes fotográficos auto retratam a artista em parques, templos, reservas naturais, florestas se tornando, sucessivamente, rocha, folha, água, vaca, mobiliário sacro.
Trata-se de um longo processo de reconhecimento dos próprios limites, através de uma forma meditativa que tenta superar o conhecimento comum das coisas para atingir àquela ciência do espírito que Rudolf Steiner chama "consciência dos mundos superiores". "O artista deve ver a própria obra como uma foto, uma imagem aberta, não acabada." escrevia Joseph Beuys. Com Meu lugar um Santuário, Carmona perturba obstinadamente a própria materialidade em favor dos ritmos e harmonias universais, perseguindo uma mutação que parte da desidentificação para atingir a comunhão total.
O físico feminino, com sua criatividade orgânica - cíclica e lunar - sempre tem sido associada ao ritual propiciatório, está no centro do trabalho de Regina Carmona. Enquanto artista multimídia se exprime adotando linguagens frequentemente diversas, mas sempre conjugadas segundo um forte alfabeto visionário e matérico, mágico e poético, individual e social, que narra a identidade feminina partindo de raízes culturais apotropaicas para chegar à mulher contemporânea. 
 extraído do texto de Gaia Bindi 

Regina Carmona, Corpo & Anima Mundi
- extract from Gaia Bindi essay
 
Regina Carmona is Brazilian artist of Italian and Spanish descent. As a self-proclaimed citizen of the world, she feels at home wherever she is. Her background has a deep sense of community and belonging; creating an empathetic and respectful bond with the places she visits. "The world is everybody’s oyster – Regina says – spaces and places to be, to be a part of, to welcome and to be welcome”. The world is a great place to meet and share, not only as human beings, but also as natural elements, insanely small particles of a perfect universal wisdom, for everyone.
That is how such testimony of existential gatherings is conceived; a recurring theme addressed in several works of art of late ‘90s, and even today, such as the current series called Meu Lugar Um Santuário (2015), which shows personal features within natural and social contexts crossing paths during a lifetime.  A piece of art that, as of 1998, keeps records of the physical evolution through silent interaction with other forms of life. Throughout the years, the snapshots have become self-portraits of the artist posing into the wilderness, parks, temples, forest reserves, turning into rocks, leaves, water, cows, and sacred furnishings, continuously becoming a part of the natural landscape
This is about a long process to acknowledge our own limits, practicing meditation, and trying to overcome the common knowledge of things, in order to achieve that spiritual awareness that Rudolf Steiner once called "awareness of spiritual worlds". "The artist must look at his own art as an open picture, an unfinished image", Joseph Beuys wrote. With Meu Lugar Um Santuário, Carmona is driven to disturb her own materiality, in order to favor universal rhythms and harmonies, pursuing a mutation that comes from the de-identification in order to achieve full communion.
The female form, with its – cyclic and lunar – organic creativity that has always been associated with propitiatory rites, is right in the middle of Regina Carmona’s artwork. As a multimedia artist, she expresses herself by adopting, in general, distinctive languages, always spoken following a strong, magical and poetic, individual and social, visionary and materialistic alphabet, used to describe the female identity from cultural apotropaic roots, in order to reach the contemporary woman.



© Regina Carmona - ampliação fotografica