CELESTE E RUPESTRE
CELESTE E RUPESTRE
Instalação, desenhos e decalques do corpo impresso com argila local nas rochas. Nesse local ocorreu diversas tentativas de fuga de escravos que se lançavam ás aguas da barragem almejando a liberdade. Vila de São João, Flona de Ipanema.
Regina Carmona, Corpo & Anima Mundi
- extraído do texto de Gaia Bindi
... O físico feminino, com sua criatividade orgânica - cíclica e lunar - sempre tem sido associada ao ritual propiciatório, está no centro do trabalho de Regina Carmona. Enquanto artista multimídia se exprime adotando linguagens frequentemente diversas, mas sempre conjugadas segundo um forte alfabeto visionário e matérico, mágico e poético, individual e social, que narra a identidade feminina partindo de raízes culturais dos rituais de defesa para chegar à mulher contemporânea, por um horizonte figurativo e ideológico, entendida como potência através da qual penetra a vida. Na obra Celeste e Rupestre (2013 - 2015) algumas formas do corpo da artista - delineadas sobre o solo com matérias orgânicas como argila, terra, estrume, pigmentos, palha - compõem uma instalação que evoca a ascendência sacra das pinturas rupestres junto à poesia dos decoupage de Henri Matisse. Com graça e suavidade as figuras femininas se mimetizam na natureza, acolhidas em uma organicidade que se faz espiritual, em uma pesquisa das origens pessoais e coletivas, com uma vontade de reunificação a uma eterna e universal vitalidade cósmica, onde o elemento humano, natural e divino se funde e convive. Existe na obra, também, uma recordação da lenda brasileira de Moema, que decide morrer na praia depois da partida do navio com seu amado português. Assim o trabalho convida a "colocar o coração em espinhos", a ser céu e terra, coração e estômago, amor e dor. Movimenta-se da materialidade da carne, misturada ao húmus e a natureza, a uma força animista, para se elevar do rudimentar à espiritualidade de ontem e de hoje.
Regina Carmona, Corpo e Anima Mundi
- extract from Gaia Bindi essay
...The female form, with its – cyclic and lunar – organic creativity that has always been associated with propitiatory rites, is right in the middle of Regina Carmona’s artwork. As a multimedia artist, she expresses herself by adopting, in general, distinctive languages, always spoken following a strong, magical and poetic, individual and social, visionary and materialistic alphabet, used to describe the female identity from cultural apotropaic roots, in order to reach the contemporary woman.
A figurative and ideological horizon that orbits around the womanly form perceived as some kind of power through which life penetrates. In the art piece Celeste e Rupestre (2013 - 2015), a few shapes of the artist’s body – outlined on the ground with organic materials, such as clay, mud, natural pigments, hay – compose an installation that evokes the sacred ascendance of cave paintings together with the poetry seen on Henri Matisse’s decoupage. With gracefulness and softness, female forms are integrated into nature, embraced in an organicity that becomes spiritual itself, in the pursuit of personal and collective origins, driven by a will to reunite an eternal and universal cosmic vitality, in which the human, the neural, and the divine elements merge and coexist.
In addition, the piece comprises a memento of the Brazilian folklore legend, known as Moema, who decides to take her own life by the sea, as she watches her Portuguese lover sail away, leaving her behind. The piece is also an invitation to “put your heart through thorns”, to be heaven and earth, heart and stomach, love and pain. It moves the materiality from the flesh, mixed to humus and nature, in the animist force to rise from the primitive to spirituality of yesterdayand today’s spirituality.